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III Bienal do Mercosul

Dicas de nanquim e carvão


Nanquim

O nanquim é uma tinta preta concentrada, muito fluida e sem espessura. Diferente do guache, uma pasta cheia de carga que permanece sobre o papel, o nanquim tende a se infiltrar na polpa do suporte. Embora guarde semelhanças com a aquarela, a diferença essencial do nanquim é ser irreversível depois de seco, o que nos permite insistir numa mesma área sem danificá-la, ou trabalhar a transparência de novas camadas sem alterar os contornos da camada anterior. Mas o nanquim não permite subtração de valores, não se podendo clarear o que já está feito, e por isso é considerado uma técnica de precisão.

Como qualidades plásticas desta tinta de origem oriental, destaco o poder do seu pigmento, sua opacidade, a discreta cor sépia que eleva a temperatura das suas aguadas e a aveludada profundidade do preto quando conseguido por camadas.

Cada desenho que faço demanda geralmente entre dez e vinte seções de trabalho. Aplico o nanquim diluído sobre o papel umedecido com pulverizador manual (use água destilada ou mineral). Meus pincéis são duros e quase sempre não-artísticos. Trabalho no papel Arches, grão rugoso, 300 g/m2, um papel 100% algodão fabricado na frança desde 1492 para aquarela e técnicas úmidas. Este papel é fortíssimo e aguenta diversas passagens do pincel sem esfacelar a polpa. É mais encontrado em folhas de 76x56 cm mas existe em folhas maiores e em rolos. Prefiro o nanquim alemão Staedtler ou o holandês Talens.

Como trabalho com o papel molhado, depois de pronto o desenho fica um pouco ondulado, o que corrijo fazendo uma planificação com peso. Para este procedimento, siga a orientação de um restaurador.

 

Carvão

Das técnicas diretas de desenho, aquelas que não são necessariamente intermediadas por instrumentos, o carvão é a que eu mais gosto, pela facilidade que oferece de se conseguir desde a mais fina linha até a mais complexa mancha. O carvão é seco, sem gordura, e permite operações de adição e subtração de material, podendo-se apagar quase tudo que foi feito e recomeçar. Isso deixa o artista tranquilo para ir e vir, para corrigir ou modificar o desenho.

O carvão é aplicado diretamente sobre o papel, desmanchando-se em pó, e pode ser espalhado com um pano, um pincel ou com as mãos, devendo-se ter cuidado para não engordurar o papel, o que provoca retenção diferente do material.

Em comparação com técnicas próximas, o carvão é mais seco e mais magro que o pastel e dá maior variedade e profundidade de escuros que o grafite, com a vantagem de não brilhar. Um item problemático de todas essas técnicas é a fixação. Os especialistas dizem que qualquer spray fixador causará danos ao desenho no futuro. No acervo dos museus, os desenhos que não foram fixados estão em melhor estado de conservação. Por outro lado, é um risco manusear ou transportar desenhos não fixados. Se você precisa usar fixadores, consulte um restaurador sobre as resinas atuais e seus danos.

Estou fazendo os desenhos grandes em carvão no excelente papel italiano Fabriano, modelo Tiziano, 160g/m2, vendido em rolos de 150x1000 cm. Uso o carvão inglês Rowney extra largo ou o brasileiro Corfix. Também estou usando carvões das madeiras cajacatinga e imburana, presenteados pelo amigo e escultor Marcelo Silveira. As melhores borrachas são as knetgummi, massas modeláveis com alto poder de subtração. Para fixar, prefiro o acabamento fosco do spray alemão Luckas, mais fraco, ou do holandês Talens 064, mais concentrado.


 

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